30 de ago. de 2010

Identidades contraditórias


“Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde seu nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu”. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. (Stuart Hall)
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Some-se a essa declaração o fato de que para a memória psicológica não existe uma clara distinção ente passado, presente e futuro, mas sim um grande continuum onde a memória busca o que de útil for importante para sua atualização e utilização (Henri Bergson), teremos então a consideração de que essa história de uma suposta essência que perdura, nada mais é do que um confortável processo de defesa . Processo este, que visa ocultar o fato de que, enquanto seres pensantes e desejantes, mudamos. E muito! Portanto, se temos a impressão de que não mudamos, porque mantemos uma “essência” é muito mais como uma fuga interna para não se enfrentar a possível constatação de que em algum lugar e momento, acomodamos e ficamos paralisados. Posição esta que, por um lado, nos fornece conforto e segurança, mas por outro, apresenta aquela silenciosa e permanente sensação de que algo está fora do lugar, pois este ser que não muda talvez fosse o resultado do sujeito do iluminismo, numa época em que todas as trajetórias estavam determinadas desde seu nascimento até a morte, mas que em nada se interliga ao sujeito contemporâneo, que vive em meio a um eterno processo fragmentado de mudanças.
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Mudanças que alimentam um Caos, enquanto forma produtiva de permitir novas construções, assim como desconstruções de um modo enferrujado de ser e pensar. Caos que permite deixar velhos preconceitos e abrir novas possibilidades de pensar a si próprio/a. O que você fez até aqui como algo tão importante a tudo que você deseja e ainda não fez... Porque não fez? Porque não fazer? Porque o não? Quem sabe talvez um novo sim? Mulheres que dizem sim... e homens também... Afinal, pode até ser que exista outra vida após esta, mas isto ainda é pura especulação, enquanto essa está aqui em movimento, esperando o seu, seja em forma de atitude, texto ou imagem, porque de nada adianta clicar sem que sua imagem traga junto o seu pensamento.
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Bjs e abs
M.

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