31 de jul. de 2010

O futuro de uma ilusão

"Ao reconhecermos as doutrinas religiosas como ilusões, coloca-se de imediato uma outra pergunta, a de saber se outros bens culturais não teriam natureza semelhante, bens que respeitamos e que permitimos que controlem nossa vida." - O futuro de uma ilusão - Freud - 1927.
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80 anos se passaram desde então, e nada nos leva a crer que o o fim da briga entre a ideologia capitalista e a socialista tenha resolvido algo. De fato, ao contrário, pouquíssimos se beneficiam das muitas promessas tecnológicas da era da informação, enquanto muitos, universitários inclusos, acreditam estar participando de algo incrível, quando na verdade estão apenas fazendo o que foi planejado pra que eles/nós fizéssem/os. Contudo, o maior problema não são os que de algum modo ainda conseguem pensar, mas sim os que não têm essa possibilidade desde a infância, e que estão na ordem dos milhões. O pensamento sempre pode surpreender, pois é imprevisível - ou alguém ainda acredita que não haver educação fundamental forte neste país não é um cálculo eleitoral planejado há décadas?

A falta de educação revela o principal perfil dos milhares que se acotovelam em reuniões miraculosas da fé comercial, sempre atrás do discurso de um "pai protetor divino". E se a base do discurso for a de que o sofrimento nesta vida é a grande prova pra que a vida após a morte seja maravilhosa, podem estar certos que arregimentará mais e mais adeptos ávidos por uma solução que não fecha na vida cotidiana. Porque em outras palavras, são palavras que ilusionam...e enchem de esperança.

Portanto, após esta leitura concisa desse texto de Freud e independente de achar que a racionalidade é a solução de todos os males, me parece ser no mínimo interessante um pouco mais de reflexão sobre quais são os códigos que atribuímos atualmente à palavra ILUSÂO - seja diante de uma ideia ou de uma imagem. E, seguindo ainda por essa mesma nessa trilha, talvez ainda caiba uma questão mais voraz, a de saber o que continua a nos controlar sem que nos demos conta. Pois do contrário eu também vou começar a escrever livros de auto-ajuda... Aliás, alguém pode me apresentar um editor?


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