22 de jan. de 2012

A necessidade de uma nova cultura geral

A hipermodernidade – ou era pós-contemporânea – criou uma situação nova, que não atinge simplesmente a escola, mas o próprio saber. Já não há canônes do conhecimento, já não há passagens obrigatórias para se constituir uma cultura partilhada: hoje estamos no duplo caos da abundância e do imediatismo. Jamais tantas informações estiveram disponíveis, jamais os recursos enciclopédicos foram tão ricos: mas ricos de quê?! A Wikipédia, o próprio símbolo desse saber globalizado - com 25 milhões de acessos dia - despeja na internet, desordenadamente, conhecimentos que vão do mais avançado ao mais superficial, ou mesmo ao mais duvidoso. Não há distanciamento crítico nem hierarquia de informações […] Em tais condições, confiando na Rede para encobrir suas ignorâncias e ocupados demais em viver no presente para pensar em constituir para si uma cultura além da instantânea, os homens da hipermodernidade tendem a perder não apenas o senso de perspectiva, mas também o alicerce comum dos conhecimentos comuns que constitui propriamente uma cultura. Daí a necessidade de dar aos novos tempos uma nova cultura geral, transformando o que não é mais que um amontoado desordenado de informações em um conjunto de conhecimentos e de valores partilhados.  Do livro, A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada (Lipovetsky, Serroy, 2008, p. 161)

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